CONHEÇA OS OUVIDORES

CONHEÇA OS OUVIDORES
OS OUVIDORES JOVENS, PROFESSORES REFERÊNCIA E A EQUIPE GERED NOROESTE

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

ENTREVISTA PROFESSOR MARCO ANTÔNIO 

COORDENADOR DE PROJETOS ESPECIAIS

REGIONAL NOROESTE

Como a educação pode contribuir com o Projeto Ouvidor Jovem Segundo Ciclo?

    A Ouvidoria do município traz o conhecimento, a estrutura e a experiência de ouvir o cidadão e dar encaminhamento às suas demandas. Isso é muito importante! Entretanto, percebemos que poderíamos acrescentar algo mais. Educar exige saber especializado, experiência, conhecimento e diálogo com a realidade dos estudantes.
   Projetos como Ouvidoria Jovem ganham importância e maior sentido à medida que recebem a contribuição pedagógica, ou seja, um conhecimento marcado por teorias e experiências próprias da educação. Nessa perspectiva, a parceria entre Ouvidoria do Município e Educação torna-se bem mais promissora. Cabe ressaltar que alguns colegas da Ouvidoria do Município são também professores e, por isso, perceberam e apoiaram essa iniciativa.  
 
Marco Antônio - Coordenador de Projetos Especiais 



Você poderia citar os conhecimentos educacionais mais importantes que foram acrescidos ao Projeto Ouvidor Jovem Segundo Ciclo?

     Podemos citar dois conceitos. O primeiro é a ideia do estudante como sujeito ativo do processo educacional. Na educação crianças e adolescentes são compreendidos como agentes (sujeitos do processo) e não receptores passivos de ideias, pensamentos e propostas construídas por outros. Isso não significa desconsiderar o saber já construído e consagrado pelas diversas disciplinas e pela ciência. Porém, o estudante é levado a esse conhecimento já construído pela humanidade de forma bem criteriosa.
           Tudo isso é pedagógica e didaticamente planejado para evitar que ele apenas se torne um memorizador, um receptor passivo e acrítico desses saberes. É preciso levar em conta o que os estudantes já sabem, suas necessidades cognitivas, seus interesses, suas motivações, dentre outras coisas.
Ouvidores no curso sobre sistema informatizado da Ouvidoria

 

Qual é o outro conceito que a Educação acrescenta ao Projeto Ouvidor Jovem Segundo Ciclo?

    O segundo conceito está relacionado ao Protagonismo Juvenil. Educar não é simplesmente levar a criança ou adolescente a reproduzir o mundo adulto fielmente no seu cotidiano. A criança é um ser de direitos, capaz e que interage com seu universo sociocultural de forma autônoma, crítica e criativa. Sendo assim, não deve ser vista como um mini adulto. Ao contrário, deve ser respeitado na sua plenitude. Isso não significa abrir mão dos conhecimentos, da experiência e da autoridade dos professores que acompanham os estudantes ao longo do projeto. Mas significa tratar a criança sem subestimar sua capacidade, suas ideias, suas ações, seus direitos.
     Retomando a ideia de Protagonismo Juvenil, permitindo a sua participação no planejamento, nas ações e avaliação dos projetos desenvolvidos. Em outras palavras, em todas as etapas do processo. O estudante não é chamado a fazer o que achamos que ele deve executar. Os Ouvidores Jovens são convidados a pensar juntamente com professores e demais Ouvidores o que e como vão fazer os projetos. Nesse sentido, a educação contribui para formação de estudantes dotados de criticidade, autonomia e socialmente responsável.
Alunos conferindo o resultado da eleição


Qual a importância do professor nessa proposta?  

Metodologias que envolvem o protagonismo juvenil e percebem o estudante como sujeito do processo exigem profissionais dedicados, bem preparados, bem pagos e qualificados. Quando se estabelecem relações horizontalizadas entre professores e alunos, o professor é ainda mais desafiado. Atuar respeitando a cultura, a história, a cognição dos estudantes e levando-os a construir o conhecimento sem impor modelos prontos e acabados é muito desafiador.
Evidentemente que a experiência e conhecimentos técnicos do professor são de fato muito mais amplos que a dos alunos. Por isso o professor é o condutor do processo. Conduzir o processo não significa impor o caminho. Ao contrário, significa garantir que as propostas sejam compreendidas, discutidas, ponderadas e decididas de forma compartilhada, responsável e consequente.
Preciso ressaltar como a proposta encontrou Professoras Referência comprometidas com o protagonismo juvenil e, sobretudo, com a educação. É importante citar cada uma: Adriana Roncarati, Ana Lúcia, Simoni Giacomini e Vanessa Martins.
Alunos assistem campanha eleitoral dos Ouvidores
 

É possível demonstrar alguns exemplos de como a proposta caminha nas escolas?

      Sim. Com a publicação da Portaria que regulamentou a eleição, as escolas iniciaram a discussão com os alunos sobre o papel e a importância da Ouvidoria na escola. Entretanto, a própria portaria foi fruto de uma longa conversa entre a Gerente da Ouvidoria Heloisa Pimentel (que trouxe informações e experiências com a Ouvidoria Jovem), a Coordenação de Projetos Especiais da Regional Noroeste (representada por mim) e as Professoras Referência de cada escola. Assim, mesmo que a portaria tenha estabelecido regras mais gerais para o Projeto, não deixou de respeitar a realidade e as necessidades apontadas por cada escola.
     O processo eleitoral, por sua vez, estabeleceu o mesmo calendário para todas as escolas. Entretanto, cada uma pode percorrer caminhos específicos de acordo com o diálogo estabelecido entre professores e alunos. Em algumas, cada turma escolheu um candidato. Em outras os candidatos se inscreveram diretamente sem passar pelo crivo da turma. Em algumas escolas os estudantes utilizaram o horário de recreio para campanha. Em outras havia um momento específico para divulgação das ideias em cada sala. Houve caso em que os alunos candidatos fizeram até um vídeo apresentando suas propostas.
Eleitora assina lista antes diante dos mesários de votar
    Nos encontros regionais da Noroeste, quando nos reunimos com os Ouvidores e Professores Referência mensalmente, os estudantes são ouvidos de fato. No encontro de setembro, por exemplo, o Ouvidor PEDRO ARTHUR da Escola Augusta Medeiros sugeriuque a Ouvidoria pudesse atuar tentando amenizar problemas cotidianos de relacionamento entre os alunos. Mesmo sem utilizar o termo, o aluno falava com muita propriedade do Bullying. A ideia foi aprovada por todos os Ouvidores e Professores Referência. No mês de setembro cada Ouvidor começou um trabalho de combate ao Bullying em sua escola.
 
Nos próximos encontros da Ouvidoria Jovem na Regional, os Ouvidores e Professores Referência de cada escola apresentarão como foi a execução da proposta. Além de trocar as experiências sobre as ações desenvolvidas, os Ouvidores e Professores Referência poderão avaliar o projeto, pensar e traçar novas ações.          
De qualquer forma, sempre existe um respeito ao estudante como sujeito e à realidade de cada escola. Conhecer novas experiências e até teorias sobre o protagonismo juvenil e o sistema de Ouvidoria amplia a formação dos estudantes e capacidade de planejar e tomar decisões. Mas não existe modelo padronizado a ser imposto em cada escola.

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